Parece uma conversa, só que isso aqui é mais pretensioso

Thaís Campolina
14 min readMar 18, 2021

— Depois temos que fazer a sua entrevista. Eu tive uma ideia ótima. Eu abro um documento no drive, falo umas coisas, faço uma pergunta ou uma afirmação e você vai e comenta ou responde.

— achei vanguarda, fluido, arrojado, os artistas mais engajados na cena certamente devem ter um nome pra isso.

— Parece uma conversa, só que vai ser mais pretensioso. Inclusive acho que podemos começar com isso aqui.

— devia se chamar assim: “parece uma conversa, só que é mais pretensioso”.

*editando o nome do documento no drive*
*salvando…

*alterações salvas no drive

— Ninguém morre sem ser anunciado. Esse é um bom título, viu? Você se considera uma boa criadora de títulos? Você criou esse antes de iniciar a escrita do seu primeiro livro ou foi algo que surgiu durante ou mesmo depois?

— É uma pergunta difícil (quando me perguntam alguma coisa, meu cérebro trava. perguntas são difíceis). mas a ideia veio de um esquete do programa “tv pirata”, que era mais ou menos assim: umas pessoas sentadas em uma mesa jogando pôquer, e, não sei por que, eles começam a impedir as pessoas de sair da mesa. passam dias lá. quando alguém esboça alguma vontade de sair, eles gritam “ninguém sai, ninguém sai!”. eu encaro a vida um pouco assim, não quero perder ninguém, então baixinho, sempre estou dizendo “ninguém morre. ninguém morre!” a parte do “sem ser anunciado” é porque a morte também tem essa face “apoética”, vamos inventar essa palavra. esse lado burocrático. me lembra um funcionário público desmotivado que colocou um cartaz passivo-agressivo no seu guichê escrito “ESPERE SER ANUNCIADO”. a ideia do livro é ficar meio que transitando por esses dois lugares horríveis.

— Então o título é o resultado da mistura de algo extremamente emocional, sensível e complexo, como a morte e todas nossas relações, com uma planilha do Excel? Se a morte fosse mais burocrática, ela seria mais simples ou mais complicada? Eu voto em complicada, porque eu estudei Direito na faculdade e depois dividi parede com uma advogada de direito de família e sucessões e simplesmente sei que testamento, herança, pensão por morte e todo o resto da nossa vida civil só dá problema. Já que estamos falando de Direito, queria saber se você não teme ser processada por algum síndico que ler seu livro. A Ceci comenta algumas particularidades do exercício dessa profissão ou do perfil desses profissionais com uma certa crueza.

— sim! ter que “dar baixa” do seu familiar no sistema é melancólico. e solitário, já que acaba sobrando sempre para uma pessoa só. no tocante ao síndico, tive uma experiência de quase-morte na mão de um síndico uma vez, e acho que isso acabou me marcando negativamente: na faculdade, dividia apartamento com mais três meninas em bauru e, uma noite, acordei meio zonza, com um barulho esquisito vindo da cozinha. um cheiro esquisito. já antevendo a desgraça, fui, guiada pela luzinha do celular até o fogão e vi que estava JORRANDO GÁS pela mangueira, que tinha se desconectado. descemos até a portaria correndo, o porteiro disse que não podia sair de lá e chamou o síndico. no apartamento, a primeira coisa que o síndico fez foi LIGAR UM VENTILADOR NA COZINHA, “para passar esse cheiro ruim”. eu falei “mas meu senhor, se a tomada produzisse uma faísca, ia tudo pelos ares.”, ele me olhou como se as leis físico-químicas que regem o universo simplesmente não se aplicassem naquele espaço. eu não sei quantas pessoas um síndico é capaz de matar por ano, mas suspeito que esse número não seja muito baixo, não. algum síndico já tentou te matar, thaís?

— que eu saiba não. Minha experiência com síndicos são parcas. Vivi quase a vida toda em casa. Todo o risco residencial que já corri foi por culpa exclusiva minha ou da minha família mesmo. Apesar disso, eu não posso afirmar que nunca rolou nada, porque já morei em um prédio enorme em que aconteceu uma eleição de síndico que foi muito intensa. Todo dia amanhecia com um bilhetinho debaixo da porta sobre os riscos de votar no outro candidato. Meu voto era disputado. Eu devia ser um desses indecisos, alvo de campanhas vira-voto, sabe? Eu sequer sei se eram os candidatos que diretamente passavam essas mensagens para mim por debaixo da porta ou se eram seus cabos eleitorais. Eu só sei que eventualmente avisei na portaria que eu não ia votar, porque na data não estaria na cidade. Se esse texto fosse uma autoficção, eu falaria que nessa mesma semana o elevador enguiçou comigo dentro. Na verdade, até onde sei, nada aconteceu, mas como disputaram tanto meu voto e usaram muita tinta de suas impressoras, eu sinceramente não duvido que a decepção deles com a minha ausência pode ter encadeado alguma tentativa de assassinato que não deu certo e eu nem fiquei sabendo. Disputas eleitorais, né? Eu tinha uma pergunta para você, mas eu confesso que agora me perdi. Deve ser por isso que falam que o entrevistado não pode fazer perguntas, né? O entrevistador não consegue estar em dois lugares ao mesmo tempo em um mesmo texto. Vamos falar de texto então, né? Como você escreve? Você tem alguma rotina de escrita?

— Essa história é muito boa (aqui pensando que eu devia ter coletado dos amigos experiências esquisitas com síndicos, pra aproveitar no livro. mas agora ceci é morta [não sei se isso se classifica como um spoiler]). sobre minha rotina de escrita: eu não tenho nada vagamente parecido com isso. escrevo no tempo livre, e não é todo dia que tenho tempo livre. às vezes tenho tempo livre, mas não tenho vontade de escrever. a única coisa que faço diariamente é anotar alguns trechos soltos de diálogos que tenho com as pessoas, ou que ouço de terceiros. anoto também algumas ideias, frases avulsas, que servem de inspiração quando sento pra escrever. vou lendo essas coisas que anotei, e de repente uma ou duas frases despertam alguma ideia, aí escrevo o texto. funcionaria melhor se eu não fosse tão desorganizada. essas anotações estão espalhadas entre vários rascunhos do medium, um arquivo do google docs e um grupo do whats que eu tenho comigo mesma (jogo algumas ideias ali quando estou fora de casa, ou simplesmente com preguiça de ir até o notebook anotar).

— Eu tenho um texto que agora me parece ótimo, já escrito, prontinho para ser publicado, seja em livro ou no Medium, inspirado livremente em uma vizinha que tive nesse prédio. Também tenho uma narrativa de tamanho indefinido já começada, mas muito pouco desenvolvida, em que uma das personagens principais surgiu a partir da observação lúdica da porteira diurna das terças, quintas e sábados. Acho que eu deveria juntar tudo, desenvolver o que falta e publicar um livro chamado “Condomínio Alguma Coisa”, sendo o alguma coisa apenas uma expressão para me lembrar que seria legal especificar sem falar o nome real do prédio que morei e assim evitar conflitos. O que você acha, Paula? Desculpe te usar como consultora de projetos, mas é tão difícil escrever sem alguém para afirmar o que a gente quer ouvir. Acho que posso abusar um pouquinho da minha posição de entrevistadora já que dividimos esse desejo por escrever livros e você mesma elogiou minha história. Enfim, vejo que você tem um interesse genuíno em diálogos. O que você acha que faz com que conversas te atraiam tanto? O que elas têm de tão especial ao ponto de serem uma grande fonte de ideias pra você? Você gosta mais de captar conversas de ônibus ou de mesa de bar? Como você está fazendo para escrever durante o isolamento social já que ele reduziu tanto a possibilidade de se ouvir conversas alheias de desconhecidos?

— Eu acho que você deveria pegar firme nessas histórias, terminar e publicar. porque (1) são boas, (2) já estão mais ou menos prontas e (3) eu fiquei com vontade de ler. eu não sei porque eu gosto tanto de diálogos. meus processos criativos não estão claros pra mim. nada que produzo é muito consciente. mas se tivesse que elaborar uma resposta mais aceitável, diria que o que mais gosto dos diálogos é o ruído. as falhas de comunicação. o falar uma coisa e o outro entender outra. vejo menos como um encontro de ideias e mais como um choque, uma colisão, um esbarrão. eu prefiro conversas de ônibus. conversas de bar, pra mim, se esgotam nelas mesmas. não acho que dão bons materiais. está realmente mais difícil buscar inspiração durante a pandemia, já que ando tendo pouquíssimo contato com outras pessoas. mas por sorte tenho uma vizinha que fala alto, com a família e no telefone. anoto quase tudo que ela fala.

— Com sua aprovação, me animo. Considero que o primeiro passo do projeto foi dado: a ideia foi falada para alguém, tomando forma o suficiente para puxar meu pé de noite e não me deixar mais dormir. O processo criativo é um negócio engraçado, né? A gente fica tentando racionalizar, mas ele simplesmente acontece. Não tem tanta lógica quanto a gente quer acreditar que tem, né? Queria saber algumas coisas: 1) você se sente uma espécie de antena por gostar tanto de conversa alheia? 2) o que você faz quando algum conhecido, falando diretamente com você, fala algo que cairia perfeitamente em um texto? O que ele fala vira matéria-prima? Você vai e transforma a fala dele em um personagem de um romance? Como você criou os personagens do “Ninguém morre sem ser anunciado”? Por que você é Ceci no Medium e não simplesmente Paula? Estar ali com um outro nome que também é personagem é uma espécie de performance que brinca com a tal da autoficção? (CARAI OSTENTEI DEMAIS NESSA PERGUNTA QUASE ME SENTI CULTA)

— Eu só sei que tenho sorte de morar no brasil gostando tanto de ouvir a conversa dos outros.aqui as pessoas falam muito alto e são muito didáticas e ricas em detalhes quando contam histórias. facilita meu trabalho. quanto a usar parentes e amigos como fontes de inspiração, pratico muito.me aproprio de histórias, frases, traços de personalidades deles. uso muita coisa minha também, mas, para evitar o “climão” de alguém se reconhecer ali, não gostar e vir tirar satisfação comigo, eu uso tudo misturado. nenhum personagem que faço é baseado 100% em uma pessoa só, tem um pouco de uma tia, um pouco de um amigo, um pouco de mim mesma. a questão do meu perfil do medium ser “Ceci” e não “Paula” é porque no começo, quando fiz o perfil, a minha ideia era outra. era fazer uma longa história, composta por episódios, envolvendo a personagem Ceci, uma escritora. pensando agora, essa ideia talvez pudesse ser chamada de autoficção, sim. a questão toda é que eu escrevi uns 3 textos nesse formato, depois desencanei e comecei a escrever sobre qualquer coisa. o nome “Ceci” acabou ficando lá por preguiça de mudar e também porque me parecia uma boa manter certo nível anonimato, já que acabava me expondo muito nos textos. isso era uma preocupação no começo. depois acabei desencanando do anonimato também, então o Ceci só se mantém lá até hoje por pura preguiça de mudar mesmo.

— Eu acho esse negócio de pseudônimo chique demais. Mesmo se não for secreto. Também gosto de nome artístico diferente do nome original. Acho elegante, sabe? Tem um certo desprendimento com a própria identidade. Acho bonito isso, humilde talvez. Me conta aqui, como você se apresenta para as pessoas? Você fala que é escritora? Acabou que a entrevista não teve apresentação e seria bom ter, né? Vou usar essa pergunta para fazer o famoso “seu nome, seu bairro” só que mais completo, porque todo escritor precisa falar muito de si mesmo, mesmo que seja só por meio do seu trabalho. Faz parte da profissão. O leitor espera isso, entende? (Não esquece de falar suas referências na hora de falar bastante de você).

— rindo sozinha aqui com o “seu nome, seu bairro” que me lembrou o vídeo do “passa longe” da xuxa (até abri aqui no youtube pra ver de novo. NÃO PERDE A GRAÇA, é impressionante). eu não me apresento como escritora porque ainda sou muito insegura com a minha escrita (digo “ainda” como se isso fosse mudar um dia, bem iludida). sou mais segura em minhas outras ocupações: doutora/pesquisadora/professora de cinema e tenho uma empresa de foto e vídeo de eventos. mas sou a favor das mulheres reivindicarem mais a definição de escritora. se você for olhar os “about me” aqui do medium, a maioria dos perfis dos homens tem a palavra “escritor”, junto com mil outras coisas. “pintor, pesquisador, cineasta, fotógrafo etc.” as descrições dos perfis femininos são bem mais hesitantes, inseguras. evitam afirmar que são profissionais e artistas, e que fazem essas coisas muito bem. sobre as referências, vou citar algumas mulheres na ordem que elas forem surgindo na cabeça: Ottessa Moshfegh, Giovana Madalosso, Conceição Evaristo, Patricia Melo, Ali Smith, Chimamanda Ngozi Adichie. Quais escritoras aparecem rapidamente na sua cabeça, assim, sem muita análise e ordem específica?

— Você me pegou. Eu não sei listar nada. Eu fico muito nervosa. Sério. Dá branco. Eu não consigo lembrar de nada que eu li e gostei na vida. Acho que eu falaria Angélica Freitas, Wislawa Szymborska, Conceição Evaristo, Caitlin Doughty, Ana Martins Marques, Natália Borges Polesso, Elena Ferrante, Jarid Arraes, Ana Paula Maia, Mariana Salomão Carrara, Olivia Laing, Vivian Gornick, Paloma Vidal, Verena Cavalcante, Ana Cristina César, Chimamanda Ngozi Adichie e Patrícia Melo também, mas da última só li “O matador”. Nessa linha de só li um livro da autora, mas elas tomaram meu cérebro de mim, eu colocaria a Jenny Zhang, a Celeste Ng, a Ana Maria Gonçalves, a Ruth Guimarães e a Nicole Dennis-Benn. Não sei se posso listá-las então. Eu acho que o fenômeno de ter medo de se definir como escritora me atinge até na hora de me apresentar como leitora. É esquisito. Como costumo encontrar coisas boas e interessantes em toda leitura que faço, eu duvido do meu senso crítico o tempo todo.

Eu imaginei que após a publicação de um livro, a gente começasse a se definir como escritora com mais facilidade. Pelo jeito não. Como você comentou sobre sua pesquisa e trabalho em cinema, queria te perguntar se você já trabalhou com roteiro. Se sim, como foi? Quais as principais diferenças entre criar um roteiro e criar um livro?

— Fiz roteiro na faculdade e agora faço esporadicamente, para alguns projetos pessoais. o roteiro, diferentemente do livro, é um documento efêmero, transitório. o objetivo dele é virar filme. por ser um documento que precisa ser facilmente assimilado por toda a equipe de produção, ele tem formato e estilo próprios. é dividido por unidades espaço-temporais (as cenas) e tem um jeito certo de escrever (frases no presente, a descrição das ações tem que se ater ao campo do visível, ou seja, o que está sendo visto pelo espectador, não tem descrição de estados mentais/emocionais das personagens, etc.), isso porque a história é do roteirista, mas o estilo quem dá é o diretor. já no livro o escritor tem o controle de tudo. outra grande diferença é que no roteiro a liberdade criativa fica um pouco restrita ao orçamento do filme, que, em geral, no brasil, é baixo. de repente você colocou uma cena de helicóptero no roteiro, a produção não conseguiu captar recursos pra alugar um helicóptero e te pede pra adaptar a cena, trocando o helicóptero por um carro ou uma moto. eu não se foi um bom exemplo, mas acho que deu pra entender?

— Deu pra entender, mas eu demorei quase duas semanas para processar. Eu tenho medo de falar de filme, porque tudo parece muito complexo e eu vejo poucos e nem como amadora posso comentar grandes coisas. Fora que eu acho que eu idealizava o roteiro. Eu acho bonito falar em cenas. Adoro captar cenas em textos literários, pegar uma no meio de uma poesia, falar em literatura cinematográfica. Me tira uma dúvida: o roteiro então pensa nas cenas do filme, mas isso é feito de uma maneira mais prática do que estética? A estética da coisa então fica mais nas mãos da direção e outros profissionais do cinema que eu não saberei nomear porque eu não sou muito esperta?

— que doidera esse papo. amo. literatura cinematográfica é algo que nunca tinha pensado, mas acho possível, do mesmo modo que vejo fotos de alguns animais que parecem misturas de duas espécies improváveis, e penso “pode ser montagem, pode ser verdade”. a questão toda é o que seria esse elemento “cinematográfico” do texto literário. a descrição de cenas por si só não seria, já que é própria da literatura, mas penso que determinados tipos de cenas e a forma como elas são descritas no texto possam incitar o leitor a imaginá-las como cenas de um filme. é algo que nunca tinha pensado. em ninguém morre sem ser anunciado eu tentei estruturar os capítulos como se fossem pequenas cenas de um filme, com grandes elipses espaço-temporais entre elas, que não são explicadas ou resolvidas. pensando agora, acho que foi um jeito que meu cérebro encontrou de conciliar essas duas linguagens, a cinematográfica, que é minha área de pesquisa, a e literária, que pratico no tempo livre. mas sobre a possibilidade de existir um estilo de escrita cinematográfico, é algo que nunca tinha pensado e agora não vou conseguir parar de pensar.

mas sobre o roteiro ser mais prático do que estético: é bem por aí mesmo. as preocupações maiores do roteiro são a história, a estrutura dessa história (enredo) e os diálogos. essa história só começa a ganhar “uma cara” quando o diretor e o diretor de fotografia cortam as cenas em planos (o que chamamos de decupar o roteiro), a direção de arte cria os cenários, figurinos, etc. e os atores estudam como vão interpretar os personagens.

— Um livro que me veio na cabeça quando falei isso foi o “Karen” da Ana Teresa Pereira. Posso estar enganada na minha avaliação de pessoa que vê pouquíssimos filmes, mas tem uma coisa de filme de suspense nesse livro que é diferente de simplesmente literatura de suspense. Não sei explicar. Falando nisso, o que você faz quando você não sabe explicar alguma coisa num texto? E como você sabe que chegou a hora de acabar um texto ou mesmo uma entrevista? Estou meio perdida aqui, mas me parece que sete páginas de entrevista faria qualquer editor me matar, né?

— tem horas que simplesmente jogo a toalha. coloco na boca do personagem ou do narrador “não sei explicar” e sigo em frente, torcendo para ser entendido como um recurso estilístico pós-moderno e metalinguístico que assume a impossibilidade de elaborar sobre certas coisas, temendo ser entendido como incapacidade da autora de elaborar sobre certas coisas.

sobre a hora de acabar um texto, meu método: vou escrevendo até sair uma frase da qual gosto muito. fico com a sensação de que dificilmente vai aparecer outra frase tão boa quanto. respeitando o princípio da precaução, decido parar. com entrevistas, já não sei. acho que começar uma entrevista é assumir o risco de ela durar indefinidamente. mas como isso não é bem uma entrevista, e mais uma conversa, acho que podemos interrompê-la bruscamente com um “deixa eu ir que tenho que fazer o almoço ainda” ou então “amiga, o moço do delivery tá me ligando, deve tá perdido, vou desligar aqui pra atend””.

— Ah, sim. Entendi. Eu gosto da estratégia de boas frases para terminar com tudo. Na vida a gente termina tudo com “hmmmmm”, “né” e “ééééé”, então é sempre bom ter alguma novidade.

Como é bom conversar com você, Paula! A gente tem que fazer isso mais vezes, né? E marcar alguma coisa depois que a pandemia passar! Até porque nem combinar um encontro mascarado numa praça quando as coisas começarem a melhorar de novo vai dar já no nosso caso envolve ter que viajar e tudo. Ai, ai, já comecei a imaginar um Diário de Bordo nosso. Se essa conversa já quase rendeu um livro, imagina um Diário de Bordo? Depois a gente conversa mais… Eu preciso ir… Tem panela de pressão no fogão e eu não quero me atrasar mais e correr o risco de explodir minha cozinha. É, eu sei, são 09:08 da manhã, parece uma desculpa, mas eu juro que não é.

— Eu gostei muito de conversar aqui pelo google docs porque foi muito diferente das conversas simultâneas que estamos tendo no instagram e no whatsapp e me entristece um pouco pensar que a partir de agora só estaremos conversando em dois canais de comunicação, não mais em três…vou abrir um outro docs com o título “diário de bordo” para a gente, já compartilho com você!

Paula Gomes também é Ceci, pelo menos por aqui. Eu sou só Thaís mesmo, pelo menos até onde posso revelar para vocês. Compre o “Ninguém morre sem ser anunciado” aqui. E, se você tiver com um bom humor daqueles, aproveite para adquirir o ebook do meu conto “Maria Eduarda não precisa de uma tábua ouija”. Os dois ebooks estão disponíveis gratuitamente para todos que assinam o Kindle Unlimited.

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Thaís Campolina

leitora, escritora e curiosa. autora de “eu investigo qualquer coisa sem registro” e “Maria Eduarda não precisa de uma tábua ouija” https://thaisescreve.com